Mais de 400 milhões de pessoas usavam a rede social para se comunicar com o mundo e expor ideias.
Essas pessoas querem, em tese, ganhar o mundo.
Simultaneamente ao avanço da ferramenta, porém, crescem as críticas à política de privacidade do Facebook - ou melhor, às constantes mudanças dessa política. Na prática, o site vem seguidamente afrouxando as regras e, assim, ampliando a exposição de dados de usuários.
Ao menos uma vez, isso aconteceu sem um aviso claro ao principal interessado: o dono da informação.
O exemplo mais recente dessa prática ocorreu em abril. Dados de todos os usuários como nome, profissão, cidade, lista de amigos e álbum de fotos passaram a ser considerados públicos. Em outras palavras, essas informações podem ser vistas por qualquer outro usuário do serviço. Mais preocupante: a novidade foi introduzida sem aviso. Para alterar essa situação, cabe agora ao usuário visitar a página de configuração de sua conta. Ali, deve escolher entre 36 opções. Pouca gente sabe disso.
"Sinceramente, eu não sabia", diz a economista Maria Ilka Padilla, de 38 anos. "Tenho preguiça de mexer nessas funções, mas vou ler", promete. Para o publicitário Arthur Koenig Beppler, de 28 anos, a postura do Facebook no episódio foi infeliz. "Soube da discussão envolvendo privacidade e optei pela restrição de informação. Sou do pensamento que o usuário deve escolher como e com quem compartilhar conteúdo”, diz.
A alteração promovida pelo Facebook em sua política de privacidade não é inédita. Em seis anos de vida, as regras já mudaram 17 vezes, média de quase três reformulações por ano. As autoridades de proteção de dados da União Européia consideraram "inaceitáveis" as mudanças introduzidas em abril. A gigante das redes sociais reagiu, mas vagarosamente. O chefe de relações públicas do Facebook, Tim Sparapani, garantiu que o site vai simplificar a tarefa do usuário que busca decidir o que compartilhar em seu perfil, mas ainda não há data para isso acontecer.
O fundador da rede, Mark Zuckerberg, argumenta que a tendência de revelar cada vez mais dados segue um único objetivo: "Tornar o mundo mais aberto e conectado". Analistas, contudo, acrescentam que o Facebook tem motivações menos altruístas. Com a política, a empresa pode colher um dividendo nada desprezível: um modelo de negócio sustentável. Afinal, uma vez disponíveis, as informações de usuários permitem mapear hábitos e preferências - uma mina de ouro para ações publicitárias nas páginas internas da rede.
Em 2007, Zuckerberg já havia dado a primeira tacada nesse sentido, com o Facebook Beacon, recurso já desativado que apresentava propagandas direcionadas a usuários. O serviço foi acusado de violação de privacidade. Semanas após o lançamento, seu fundador apresentou um pedido de desculpas aos usuários. Resta saber como usuários e o próprio Facebook reagirão agora.
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