O cinzento que me cobre é o que de mais cor-de-rosa ilumina a vida de alguns seres.
Mas mesmo isso não me impede de sentir tristeza quando sinto o desprezo de um amigo ou de lágrimas derramar quando experimento mais uma desilusão do Ser Humano.
Uma voz tinha-me segredado algumas palavras um dia antes. Uma voz vinda dos céus . . . do passado . . ao meu ouvido baixinho tinha dito "cuidado com o sonho".
Apesar da voz reconhecer e de um sorriso esboçar deixas as palavras cair no vazio e no sonho acreditei.
Uma mesma faca espetada com mais requinte e delicadeza mordaz ou um novo artefacto aguçado de uma forma um tanto premeditada?
Há palavras, gestos . . .ou melhor a falta de palavras e gestos funcionam como facas capazes de acabar com uma vida sem que quem ao lado dela passe sinta o mínimo dos salpicos.
Um dia de sonho, de desejos amplamente guardados, um dia planeado . . . apenas isso foi o necessário para . . . para que num instante como aquele que rouba o Sol do seu momento mais belo (o pôr do sol) . . . um instante para que a realidade caísse em mim. . .
Cada segundo, minuto, hora era sentido e vivido com uma estranheza . . . não era ali que deveria de estar.
Sentada na beira do abismo olhando o horizonte vazio de vida . . . sentada na porta da vida e da morte, no limbo a uma escassa distância do arrebatamento . . . de braços abertos, de peito livre de olhos cerrados a espera do abraço violentamente envolvente que dali me levasse por uma vez mais para nunca mais voltar . . .
A noite caiu por fim e o corpo cansado e fustigado do frio e do vento começou a reclamar.
Rendida entrei no carro e regressei para o conforto de todas as noites, para abraço sem vida que sempre me recebeu - o meu.
(Autor desconhecido)
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